quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Onde não puderes amar, não te demores.

Musica - Disintegration (Mornarchy)

Não sei quando essa frase veio ate mim, mas lembro o impacto que teve. É engraçada por ser tão rasa, simples, obvia e exatamente por isso tão complexa e livre para interpretações.

Eu sempre quis escrever sobre ela, mas a verdade é que talvez eu não estava pronto, não tinha real entendimento do que ela era. Comecei a refletir e me vieram muitas coisas da minha própria vida. Paixões, frustrações, dificuldades e a forma que lidei com eles.

Quantos relacionamentos vemos que se sustentam não pelo amor, mas pelo apego ao passado? Presos em nossas infelicidade por um reflexo da nossa felicidade.
Eros and Psyche


Para os gregos, Psique (alma) foi amaldiçoada por Afrodite por ser muito bonita, mas conquistou o coração de Eros (amor) que pediu para que ela nunca olhasse sua face. Teimosa, Psique ligou uma chama e viu o rosto de Eros. Sentindo a cera da vela cair em seu peito, Eros abandonou-a. Com isso, psique vagou pelos vales desertos procurando por seu amor de volta ate o dia em que adormece no sono da morte. Eros que também sentia sua falta, atirou uma flecha em psique, concedendo-lhe imortalidade e nunca mais se separando dela.
O mito de psique nos mostra algumas coisas bem importantes, dentre elas o sofrimento que a alma passa em busca de ser amada. Primeiro ela não consegue se casar como suas irmãs,depois sendo renegada por Eros e condenada a vagar por planícies desertas de amor, apenas com a lembrança dele.

Mas ela só consegue encontrar o amor quando se entrega ao terceiro personagem dessa historia e que nunca é comentado: A morte, aquela que fecha as portas do passado e abre as janelas do futuro. Apesar de não chegar a morrer de fato, Psique desiste de tudo o que aconteceu antes e decide se entregar ao destino (O que lembra o arcano XIII).

Acho interessante que apliquemos essa interpretação do mito de Psique e Eros não apenas ao amor romântico. Podemos aplicar para o trabalho, uma relação de mãe e filho, de amizade e etc.

Nas palavras de Carlos Drummond 

“Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não cumpriram. Sofremos por que? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas. Sofremos não por que nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angustias se ela estivesse interessada em nos compreender.”

Acredito que sofremos por não conseguimos avaliar o que é importante de verdade em nossas vidas para sermos felizes. Somos pagãos, panteístas (em sua maioria) e não conseguimos enxergar a mecânica da vida e sua magnificência. Estamos o tempo todo procurando por um amor que não existe mais, como os fantasmas do reino Pretaloka que tem um estomago enorme e boca pequena, nunca matando verdadeiramente sua fome.









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